O FETICHE DA MERCADORIA-CIÊNCIA, O CIENTISTA COMO MERCADORIA E A DOMINAÇÃO TECNOLÓGICA

Autores

  • Valdemir Pereira de Queiroz Neto Universidade Federal do Ceará
  • Maria de Fátima Vieira Severiano Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.14571/brajets.v13.n4.379-400

Resumo

Este artigo tem como objetivo promover reflexões sobre a racionalidade tecnológica e suas implicações para a produção de ciência e a formação educacional dos cientistas. Com apoio no referencial teórico da Escola de Frankfurt e outros pensadores da questão da técnica e da ciência, endereçamos uma crítica ao desequilíbrio existente entre o progresso técnico e o progresso humanitário, denunciando a necessidade de redirecionamento dos propósitos científicos às necessidades humanas e ao combate da desigualdade social cada vez maior. Metodologicamente, este artigo constitui-se de uma discussão teórica acerca da problemática do uso da ciência como instrumento capaz de aprofundar a dominação dos indivíduos, sejam eles cientistas ou consumidores de produtos da ciência. Nossos achados reforçam a importância do resgate de valores sociais e políticos na ciência para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada.

Biografias Autor

Valdemir Pereira de Queiroz Neto, Universidade Federal do Ceará

Psicólogo, Professor Adjunto de Psicologia, Semiótica, Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Ceará - Campus Quixadá, possui Doutorado em Psicologia na linha de pesquisa de Cultura e Subjetividade Contemporânea pela UFC. Faz parte do LAPSUS Laboratório em Psicologia, Subjetividade e Sociedade.

Maria de Fátima Vieira Severiano, Universidade Federal do Ceará

Psicóloga, com Doutorado em Ciências Sociais Aplicadas à Educação pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Professora Titular da Universidade Federal do Ceará no Departamento de Psicologia e Programa de Pós-Graduação desta Instituição. Fundadora e coordenadora do Laboratório em Psicologia, Subjetividade e Sociedade (LAPSUS).

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Publicado

2020-12-27

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