Lecionação sem aulas? Questões de liberdade e segurança no modelo MAPE

Autores

  • Francisco Sousa CICS.NOVA.UAc – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, Pólo da Universidade dos Açores http://orcid.org/0000-0002-1080-5449
  • Ana Cristina Palos CICS.NOVA.UAc – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, Pólo da Universidade dos Açores

DOI:

https://doi.org/10.14571/brajets.v11.n4.581-593

Resumo

Etimologicamente, o conceito de aula – άυλή – associa-se à ideia de equilíbrio entre liberdade e segurança, proporcionado por um contexto de pastorícia. Nas aulas atuais – marcadas por uma enorme circunscrição e segmentação do espaço e do tempo –, a liberdade e a segurança estão sujeitas a maiores tensões. Porém, o desenvolvimento do ensino online, especialmente na variante assíncrona, ao diluir a ação pedagógica no tempo e no espaço e ao apelar naturalmente a um elevado protagonismo dos estudantes no processo educativo, estimula a reflexão sobre a possibilidade de recuperação do sentido original da aula, ou até de rutura com o conceito de aula. Assim, após algumas reflexões sobre este mesmo conceito, na sua relação com os conceitos de liberdade e segurança, relatamos um estudo empírico, com o qual procurámos compreender as perceções de professoras em formação sobre as implicações do ensino a distância em modo assíncrono. Tendo em conta a sua experiência de terem sido expostas ao modelo MAPE, essas professoras comentaram, em entrevista, aspetos importantes da formação a distância em geral e desse modelo em particular, relacionando-os com questões de liberdade e segurança. Os resultados do estudo revelam o reconhecimento de que o modelo MAPE propicia, em termos gerais, bastante liberdade e segurança, embora ainda não evite sentimentos de alguma insegurança relativamente a alguns aspetos específicos.

Biografia Autor

Francisco Sousa, CICS.NOVA.UAc – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, Pólo da Universidade dos Açores

Faculty of Social and Human Sciences

Referências

Almeida, L. S. (2007). Transição, adaptação académica e êxito escolar no ensino superior. Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxía e Educación, 14, (2), 203-215. Disponível em: http://ruc.udc.es/dspace/bitstream/handle/2183/7078/RGP_15-14_Cong.pdf?sequence=1

Alves, N. A., Abrantes, P., Rodrigues, C. F. & Dias, P. C. (2014). TIC no ensino secundário: usos e mediações. Forum Sociológico [Online], 23. Disponível em: http://sociologico.revues.org/861

Barroso, J. (1995). Os Liceus. Organização pedagógica e administração (1836-1960). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian e Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica.

Beillerot, J. (1987). A sociedade pedagógica. Lisboa: Rés Formalpress.

Bourdieu, P. & Passeron, J.-C. (1970). La Reproduction. Paris: Minuit.

Canário, R. (1999). Educação de adultos: um campo e uma problemática. Lisboa: EDUCA.

Canário, R. (2008). “A Escola: das ‘promessas’ à s ‘incertezas’â€. Educação Unisinos, 12 (2), 73-81. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/5309

Canário, R., Alves, N., & Rolo, C. (2001). A Escola e a exclusão social. Lisboa: EDUCA.

Cassebaum, A. (2003). Revisiting summerhill. Phi Delta Kappan, 84 (8), 575-578. Disponível em: http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/003172170308400806

D’Espiney, R. & Canário, R. (1994). Uma escola em mudança com a comunidade. Projeto ECO, 1986-1992: experiências e reflexões. Lisboa: EDUCA.

Dubet, F. (1991). Les Lycéens. Paris: Éditions du Seuil.

Erickson, F. et al. (2008). Students’ experience of school curriculum: The everyday circumstances of granting and withholding assent to learn. In F. M. Connelly (Ed.). The SAGE handbook of curriculum and instruction (pp. 198-218). Thousand Oaks, CA: SAGE.

Fino, C. (2017). Um século de máquinas de ensinar, 50 anos de máquinas de aprender. Revista Hipótese, 3 (3), 58-74. Disponível em: http://www3.uma.pt/carlosfino/publicacoes/CNFino_Hipotese2017v3n3.pdf

Freire, A. C. (2005). Projectos curriculares de turma – da formalização à gestão contextualizada. In M. C. Roldão (Org.), Estudos de práticas de gestão do currículo: que qualidade de ensino e de aprendizagem? (pp. 77-103). Lisboa: Universidade Católica Portuguesa.

Freire, P. (1987). Pedagogia do oprimido (17ª ed.). Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Freire, P. (2016). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa (53ª ed.). Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Gomes, A. (2003). A aula. Porto: Porto Editora.

Graham, C. (2005). Blended learning systems: Definition, current trends, and future directions. In C. Bonk & C. Graham (Eds.), Handbook of blended learning: Global perspectives, local designs (pp. 3-2). San Francisco: Pfeiffer.

Illich, I. (1985). Sociedade sem escolas. Petrópolis: Vozes.

Lahire, B. (2008). La forme scolaire dans tous ces états. Revue Suisse des Sciences de L’éducation, 30 (2), 229-258. Disponível em: https://www.pedocs.de/volltexte/2011/4217/pdf/SZBW_2008_H2_S229_Lahire_D_A.pdf

Lopes, J. T. (1996). Tristes escolas – práticas culturais estudantis no espaço escolar urbano. Porto: Afrontamento.

Maroy, C. (1994). La formation post-scolaire: extension ou infléchissement de la forme scolaire. In G. Vincent (Dir.), L'éducation prisonnière de la forme scolaire ? (pp. 125-147). Lyon: Presses Universitaires de Lyon.

Martins, C. F. (2015, 1 de setembro). Quando a escola deixar de ser uma fábrica de alunos. Público [Online]. Disponível em: https://www.publico.pt/2013/09/01/jornal/quando-a-escola-deixar-de-ser-uma-fabrica-de-alunos-27008265

Maulini, O. & Perrenoud, P. (2005). La forme scolaire de l’éducation de base: tensions internes et évolutions. In O. Maulini & C. Montandon (Éds.), Les formes de l’éducation: variété et variation (pp. 147-168). Bruxelles: De Boeck.

Monteiro, A., Leite, C. & Barros, R. (2016). "Eu ganhei mais o gosto de estudar": o e-learning como um meio de aprendizagem ao longo da vida de reclusas de um estabelecimento prisional português. Educação e Sociedade, 10, 1-22. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-73302016005004101&script=sci_abstract&tlng=pt

Neill, A. (2006). Summerhill School. In M. Vaughan (Ed.), Summerhill and A. S. Neill (pp. 5-64). Maidenhead, UK: Open University Press.

Nicol, D. & Macfarlane-Dick, D. (2006). Formative assessment and self-regulated learning: a model and seven principles of good feedback practice. Studies in Higher Education, 31 (2), 199-218. Disponível em: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/03075070600572090

Pais, J. M. (1993). Culturas juvenis. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda.

Pais, J. M. (1999). Comportamentos dos adolescentes de hoje. In M. Pinto, J. C. Tedesco, J. M. Pais & A. P. Relvas (Orgs.), As Pessoas que moram nos alunos – ser jovem, hoje, na escola portuguesa (pp. 49-73). Porto: ASA.

Palos, A. C. (2007). Empenhados ou desinteressados? Perspectivas dos jovens acerca dos seus trajectos e projectos escolares. In S. N. Caldeira (Org.), (Des)ordem na escola. Mitos e realidades (pp.107-129). Coimbra: Quarteto.

Pinar, W. (2004). What is curriculum theory? Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum.

Ribeiro, A. C. (1993). Desenvolvimento curricular (4ª ed.). Lisboa: Texto Editora.

Roldão, M. C. (1999). Os professores e a gestão do currículo: Perspectivas e práticas em análise. Porto: Porto Editora.

Smart, K. & Cappel, J. (2006). Students' perceptions of online learning: a comparative study. Journal of Information Technology Education, 5, 201-219. Disponível em: http://www.jite.org/documents/Vol5/v5p201-219Smart54.pdf

Sousa, F. (2015). O desenvolvimento de um modelo de ensino virtual num contexto de investimento incipiente em e-learning: progressos e desafios. Da Investigação à s Práticas, 5(1), 79-97. Disponível em: https://ojs.eselx.ipl.pt/index.php/invep/article/view/14

Stronach, I. (2006). Inspection and justice: HMI and Summerhill school. In M. Vaughan (Ed.), Summerhill and A. S. Neill (pp. 118-136). Maidenhead, UK: Open University Press.

Stronach, I. & Piper, H. (2008). Can liberal education make a comeback ? The case of “relational touch†at Summerhill school, American Educational Research Journal, 45 (1), 6-37. Disponível em: http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.3102/0002831207311585

Vincent, G. (2008). La socialisation démocratique contre la forme scolaire. Éducation et Francophonie, 36 (2), 47-62. Disponível em: https://www.erudit.org/fr/revues/ef/2008-v36-n2-ef2872/029479ar

Vincent, G., Lahire, B. & Thin, D. (1994). Sur l´histoire et la théorie de la forme scolaire. In G. Vincent (Dir.), L'éducation prisonnière de la forme scolaire ? (pp. 11-48). Lyon: Presses Universitaires de Lyon.

Willis, P. E. (1977): Learning to labour. How working class kids get working class jobs. Aldershot: Gower.

Woods, P. (1980) (Ed.). Pupil strategies: explorations in the sociology of the school. London: Croom Helm.

Zimmerman, B. J. (2002). Becoming a self-regulated learner: an overview. Theory into Practice, 41 (2), 64-70. Disponível em: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1207/s15430421tip4102_2

Publicado

2018-12-29

Edição

Secção

Teacher education in a context of cyberculture

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)